O governo estadual apresentou o planejamento já estruturado até então para a vacinação contra a Covid-19 na tarde desta terça-feira. Ao lado da secretária de saúde Arita Bergmann, o governador Eduardo Leite (PSDB) divulgou que a imunização deve se dar em parceria dos estados com o Ministério da Saúde.
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Durante a manhã, secretários estaduais de saúde se reuniram com a pasta. O pedido era de que o governo federal garantisse as doses para a vacinação. Na última semana, o Ministério da Saúde já havia divulgado um primeiro esboço sobre as fases de vacinação no país. A tendência é que o plano de imunização seja feito em parceria com os estados.
- Pelo histórico de boa parceria do Ministério da Saúde com os governos estaduais, não houve frustração. Isso nos dá confiança que, mais uma vez, na questão da vacina, teremos essa política através do Plano Nacional - explica o governador Eduardo Leite.
FASES
As fases de vacinação devem seguir, no Rio Grande do Sul, as mesmas já apresentadas para o país.
- PRIMEIRA FASE: profissionais da saúde, população idosa a partir dos 75 anos de idade, pessoas com 60 anos ou mais que vivem em instituições de longa permanência (como asilos e instituições psiquiátricas) e população indígena
- SEGUNDA FASE: pessoas de 60 a 74 anos
- TERCEIRA FASE: pessoas com comorbidades que apresentam maior chance para agravamento da doença (como portadores de doenças renais crônicas, cardiovasculares, entre outras)
- QUARTA FASE: professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e população privada de liberdade
O governador reiterou a parceria já firmada em contrato do governo federal com a farmacêutica AstraZeneca, que desenvolve uma vacina junto da Universidade de Oxford. O acordo prevê 100 milhões de doses para o Brasil no primeiro semestre de 2021.
Já em janeiro, chegariam 15 milhões de doses, assim como em fevereiro. A quantidade iria aumentar até fechar a meta para os seis primeiros meses. Leite defende que não haja uma "disputa entre os estados" por uma vacina, já que há um programa nacional de vacinação que é referência para imunização de outras doenças. O governador ainda apontou que, sem a organização a nível federal, planos como o do estado de São Paulo não seriam executáveis.
Nas próximas semanas, os estudos clínicos das vacinas de Oxford e da Coronavac (feita em parceria do Instituto Butantan e o laboratório Sinovac) devem ser apresentados com as três fases concluídas para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Depois da apresentação, são 60 dias até que as vacinas sejam registradas. O ministério indicou, na reunião, que tomará o esforço técnico para adiantar e fazer o registro mais rapidamente.
Embora ainda não haja contrato do governo federal para garantir a Coronavac, o entendimento, segundo Leite, é de que esta plataforma também estará disponível. Porém, o ministério ainda aguarda para oficializar a garantia. O governador também relatou que o ministro da saúde Eduardo Panzuello sinalizou a compra de todas as vacinas certificadas pela Anvisa de acordo com a demanda para atender à população brasileira.
- É evidente que não se aplicara sem certificação da Anvisa. Confio no programa nacional de vacinação. É a melhor estratégia num país de dimensão continental como o Brasil. É uma estratégia que tem que ser nacional. Não faz sentido que os estados disputem. No entanto, abrimos a conversa com o Butantã para, se for o caso, adquirimos esta vacina - defendeu.
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O Brasil também faz parte de um consórcio, o COVAX Facility, também por meio da Organização Mundial de Saúde (OMS), que reúne 9 produtoras de vacinas, entre elas a Pfizer - que iniciou a vacinação no Reino Unido nesta terça. O ministério, junto ao consórcio, já tem um memorando para a aquisição de 42 milhões de dose do consórcio. Entre as nove farmacêuticas, a que primeiro tiver o registro vai disponibilizar para os países participantes.
Além das 100 milhões de doses de Oxford/AstraZeneca prevista para o primeiro semestre de 2021, o país tem capacidade de produção, no segundo semestre, de 160 milhões de doses por meio da Fiocruz. Com isso, ao todo, o Brasil teria cerca de 300 milhões de doses disponíveis. A estimativa é que haja vacinas suficientes para 80 milhões de brasileiros, de acordo com os grupos prioritários já definidos pelo Ministério da Saúde.
ESTUDOS CLÍNICOS
No Rio Grande do Sul, são feitos estudos clínicos de duas vacinas: a de Oxford e a Coronavac. A primeira é testada em Santa Maria, na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), e em Porto Alegre, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs). Já a segunda, além da Capital, na PUCRS, também é testada em Pelotas, na Universidade Federal de Pelotas (UFPel).
*Colaborou Leonardo Catto